Minha mãe
A história que vou contar começa com o meu despertar para a vida, com coisas que guardo na memória a respeito de minha mãe.
Quando eu tinha doze anos meu pai começou a dormir fora de casa, daí foi um pulo para que ele não tivesse o nosso convívio de dia a dia. Minha mãe trabalhava em casa na máquina de costura e ganhava dinheiro fazendo camisas e calças para os amigos e conhecidos.
Minha avó paterna ajudou um pouco na separação da minha mãe com o meu pai, pois quando meu pai chegava do serviço, ela dizia que a minha mãe mostrava as roupas dele para os clientes; o que ela não compreendia é que a mostragem servia como modelo, já que ele tinha roupas muito bonitas feitas por ela (minha mãe).
Depois que o meu pai se separou, não tivemos condições de arcar com as despesas de aluguel, embora ele (meu pai) desse o ordenado mensal de onde ele trabalhava,porém, era pouco para as nossas despesas, pois éramos cinco pessoas: minha mãe Encarnação (37 anos) mais conhecida como Dona Mariquinha, minha irmã Hilda (16 anos), Meu irmão Ivo (14 anos), eu (Ilson 12 anos) e minha irmã Ivone (9 anos). Então, daí em diante nós tivemos ajuda dos parentes ; primeiro da tia Maria, irmã do pai de minha mãe ;depois da tia Isabel, outra irmã do pai de minha mãe, que nos ajudou muito.
Mas meu objetivo não é contar tudo o que nós passamos, e sim falar da mulher guerreira que ela foi. Vou falar,um pouco de sua vida a partir da separação.
Além de cozinhar, passar e cuidar de quatro filhos , ela costurava, como fonte de renda, para poder alimentar todos nós. Minha mãe não teve tempo para ela, quando não estava na cozinha, estava na máquina de costura. Ela tinha a esperança que o meu pai se arrependesse e voltasse para ela, mas isso nunca aconteceu.
Depois de todos os filhos casaram, ela não precisou mais trabalhar tanto, graças ao genro Francisco que arcou com as despesas do INSS até ela se aposentar.Porém, para tristeza de todos os filhos, genro ,noras, netos e bisnetos ela adquiriu uma doença terrível, chamada mal de Alzheimer, que fez com que ela deletasse tudo de sua memória. Não temos a alegria de contar coisas a ela e de apresentar nossos filhos e netos.
Hoje ela vive com a minha irmã Ivone e agradecemos a essa irmã o tratamento que dedica a nossa mãe.
Não tenho a intenção de fazer demagogia e escrever que deveria dizer a minha mãe que a amo e estou arrependido de não ter dito a ela isso, antes dela ter adoecido. O meu amor por ela não se resuma em dizer o quanto a amo, mas sim em ter tentado fazer coisas que a agradasse, como gratidão e respeito . Só sinto que o tempo passou e eu poderia ter feito mais,enquando ela compreendia e tinha a consciência plena .Porém, resta o conforto de saber que, na medida do possível, eu fiz com que ela percebesse o quanto eu a amava.
“OBRIGADO MINHA MÃE POR TUDO QUE FEZ MIM”.
05/07/2013